O twittaço
#ChicoParaTod@s, que levou essa hashtag no primeiro
lugar dos Twitter Trends em Natal na noite de segunda-feira, 28 de maio,
foi a primeira iniciativa do movimento #CulturaParaTod@s:
um movimento espontâneo, não vinculado a qualquer organização nem partido
político, sem lideranças, articulado pelas redes sociais e que junta cidadãs e
cidadãos de Natal que se preocupam com a cultura e, em geral, com a cidadania.
A
proposta do movimento, que defende políticas de promoção, incentivo e
efetivação do acesso à cultura em Natal, é realizar ações virtuais e
presenciais criativas e pacíficas que sensibilizem sobre a falta de acesso à
cultura na capital potiguar, cobrem mudanças nas políticas culturais e levem
cultura e arte para as ruas e praças.
O
preço cobrado para os shows de Chico Buarque no Teatro Riachuelo, que excluiu a
grandissíssima maioria dos apaixonados(as) pelo compositor que vivem em Natal
da possibilidade de assistí-lo ao vivo, é conseqüência de um conjunto de
fatores:
• A
ausência de espaços físicos e de organizações – privadas ou públicas – capazes
de comportar um show desse porte além do Riachuelo;
• A falta
de políticas de promoção, incentivo e efetivação do acesso à cultura em Natal.
Até
alguns anos atrás, era possível assistir shows de grandes artistas nacionais –
Caetano Veloso, Djavan, Maria Rita, Marisa Monte, Ney Matogrosso e vários
outros – a preços acessíveis no Machadinho e até shows gratuitos – Gilberto
Gil, Paralamas e Titãs, Fagner, etc. – no Machadão. Derrubaram essas estruturas
para fazer o estádio da Copa e, além de não fazerem as obras de mobilidade e o
saneamento, tampouco se preocuparam com providenciar estruturas alternativas
que pudessem hospedar eventos culturais de grande porte para a maioria da
população.
Acabaram
com projetos como o Domingo na Praça, que traziam cultura de forma gratuita e
acessível a tod@s em espaços públicos.
Não
há políticas de valorização do Teatro Alberto Maranhão, de apoio a iniciativas
como a Casa da Ribeira, nem de valorização do patrimônio histórico
da cidade (Ribeira, Centro Histórico, etc.) que poderia se tornar um lócus de
promoção cultural.
Artistas
da cidade, muitos dos quais têm produção autoral de alta qualidade, ainda estão
receber por serviços culturais prestados à Prefeitura.
Pela
falta de apoio, músicos que têm produção autoral de qualidade são obrigados a
se apresentarem no circuito da noite e até isso lhes foi proibido agora. A
primeira virada cultural ao ar livre que Natal ia ter foi proibida pela
Prefeitura, mas todos os anos se fecham ruas, se criam transtornos enormes na
cidade inteira e se patrocina de diversas formas uma festa privada sem conteúdos culturais significativos.
Enfim,
não há políticas para a cultura estruturais, de longo prazo, estratégicas e de
Estado (não de Governo). São essas as razões que fizeram emergir o movimento
#CulturaParaTod@s.