quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Como se fora brincadeira de roda: de mãos dadas nos passos da dança circular - Quarta-feira, 10 de novembro, às 19:00

Antes do evento desta quarta-feira, 10 de novembro, compartilhamos com vocês umas reflexões sobre as origens e a natureza das Danças Circulares dos Povos.

De mãos dadas nos passos da dança circular

Soraya Delúzia (sorayadeluzia@hotmail.com) - Arte-terapeuta e coordenadora da roda de danças circulares Gira Mundo (Natal, Rio Grande do Norte)
Antonino Condorelli (dialogos_criativos@dhnet.org.br) - Coordenador dos Diálogos Criativos

Dançar é uma celebração à vida. É descobrir ou redescobrir possibilidades de novos encontros, uma expressão de sentimentos e desejos individuais e coletivos. A humanidade sempre dançou e sempre dançará os momentos solenes de sua existência. A dança é um ritual, uma oração feita com o corpo. E ao dançar junto com seu povo, em comum unidade, o indivíduo desperta sentimentos e constrói relações. Dançar é, assim, uma forma de alimentar um sentimento de continuidade histórica e emotiva... ou tão somente uma relação de enorme prazer e entrega. Como afirma Bernhard Wosien, bailarino e coreógrafo alemão-polonês, na dança o ser humano exprime a totalidade das suas sensações. Assim, a dança não é mais do que vida vivida da forma mais intensa.

As danças circulares, danças de roda ou danças sagradas têm raízes nas danças folclóricas e tradicionais dos povos. São concebidas para serem dançadas em círculo, aberto ou fechado, de mãos dadas ou soltas, com passos e ritmos que expressam a cultura, a história, as tradições, a espiritualidade e o sentir coletivo de um povo. A dança circular, assim, é exercício da memória e emoção de representar a própria história.

A origem das danças de roda se confunde com a da própria humanidade. O homem antigo dançava em círculo para seus deuses, numa prática diária e espontânea, um ato de celebração de todas as passagens e ciclos de sua existência. O homem moderno perdeu esta prática, apesar de vários movimentos estarem buscando um seu resgate, como o das Danças Circulares dos Povos.


No dançar em roda nos posicionamos em um círculo, símbolo arquetípico - isto é, inscrito no inconsciente coletivo de todos os povos - de igualdade, perfeição, unidade, totalidade, representação do princípio da criação. No círculo estamos todos eqüidistantes do ponto central, o lugar de convergência de todas as direções, o coração da roda. Nos olhamos num mesmo nível, vivenciamos na pele o acolhimento do olhar.

De mãos dadas, evoluímos com movimentos no sentido horário e anti-horário. Nossa mão direita com a palma voltada para cima recebe e a mão esquerda com a palma virada para baixo: é o incessante movimento de dar e receber, desenvolvendo atitudes de cooperação e integração, acolhendo a todos os que desejem entrar na roda. Sentimo-nos apoiados uns nos outros com estas atitudes. Ainda no círculo percebemos nossos limites, a necessidade de ocupar e/ou ceder um lugar no espaço. Sentimo-nos respeitados em nossas diferenças.


As danças circulares dos povos são simples e fáceis de aprender, não necessitando de nenhuma experiência anterior, pois a intenção maior é participar, vivenciar. Os passos, geralmente uma seqüência rítmica e cadenciada, as músicas étnicas, clássicas, populares, tradicionais, o contato com uma linguagem simbólica possibilitam momentos de plenitude, onde não se pensando em nada se faz uma meditação em movimento. Ampliamos nossa consciência de sermos parte de uma totalidade. Então, o ato de dançar desenvolve um processo que estimula as funções do pensamento, do sentimento, da intuição, da percepção, da sensação fazendo emergir a criatividade na revelação da condição humana, com acertos, erros e tentativas. Dançar é, portanto, um aprendizado: é reconhecer que todo final pode ser um novo começo. O círculo não tem começo e não tem fim, mas tem no seu movimento possibilidades de novos questionamentos, outras respostas, novas criações. Dançar é buscar o novo, é estar atento, é aprender com as nossas experiências.

Dançando nos tornamos seres mais sensíveis, flexíveis e conscientes das nossas atitudes. Seres sem medo de expressar suas emoções no encontro com pessoas e com a natureza. Seres que reconhecem o valor central do trabalho coletivo, da cooperação, a integração e o equilíbrio. Seres que se lançam por inteiro na construção de novo conhecimento respeitando as tradições, que constroem novos saberes e aprendem ao longo de sua vida a preservar, renovar e reescrever a história de seu povo. Seres que reconhecem a beleza do cotidiano e valorizam as coisas simples da vida, que têm fé no ser humano, que ampliam a capacidade de amar no seu dia a dia. Participantes plenos da grande dança do universo, a grande dança da vida, a grande dança do planeta Terra. Seres dançantes...

Em Natal, a roda de danças circulares Gira Mundo possibilita tais vivências de forma totalmente gratuita com rodas livres que acontecem a cada quinze dias, às quartas-feiras, na lanchonete O Sandwich (Rua Professor Olavo Montenegro, 2967, Capim Macio).

É com o desejo de fazer vivenciar a um amplo público a experiência das danças circulares dos povos que o projeto cultural Diálogos Criativos promoverá na próxima quarta-feira, dia 10 de novembro, um encontro intitulado Como se fora brincadeira de roda: de mãos dadas nos passos da dança circular. Na ocasião, após uma breve introdução sobre a natureza das danças circulares e seu papel na história dos povos, a arte-terapeuta convidada propiciará aos participantes a possibilidade de viverem a experiência de uma roda de dança e trocarem depois suas sensações, insights e idéias a respeito.

O encontro acontecerá às 19:00 horas no Auditório da Livraria Siciliano, no terceiro piso do Midway Mall, com entrada franca.

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